quarta-feira, 15 de abril de 2009

Importância da Nutrição no Período Gestacional


Resumo:


A Gestação é um período que exige extrema orientação, atenção e apoio, para que seja possível enfrentar todas as alterações fisiológicas, psicológicas e anatômicas. A Nutrição tem extrema importância neste momento, pois nele, a deficência, o excesso ou a ausência de certos nutrientes podem ser decisivos para o desenvolvimento de diversas patologias, durante a gestação, no momento do parto ou até mesmo consequências futuras para o bebê. Sendo assim, este artigo aborda estes aspectos além de todo suporte nutricional básico para uma gestação saudável.


Abstract:
The gestation period is one that requires extreme orientation, attention and support so that all may experience physiological changes, psychological and anatomical. The nutrition is very important now because it the deficência, excess or lack of certain nutrients can be decisive for the development of various diseases, during pregnancy, at birth or even a future for the baby. Therefore, this article addresses all these aspects in addition to basic nutritional support for a healthy pregnancy.


Objetivo:



Elucidar com base em referências bibliográficas a o que é o período gestacional, as principais mudanças e a importância de uma nutrição adequada no período gestacional.



Introdução:

Constituído de 40 semanas, o período gestacional é heterogêneo em seus aspectos fisiológicos, metabólicos e nutricionais. (VITOLO, 2003).
Entende-se por gravidez o período em que há o desenvolvimento e crescimento de um embrião dentro do útero feminino. Durante a gestação o organismo da mulher se prepara para gerar um novo ser, por isso ocorrem mudanças na anatomia e fisiologia corpórea. As alterações anatômicas e fisiológicas mais expressivas são: aumento das mamas, expansão do abdome, sobrepeso na coluna vertebral, compressão do estômago, aumento do fluxo sanguíneo, hiperventilação, entre outras. (DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, 2009).
É principalmente nesse período que a mãe deve se alimentar de forma adequada, pois depende do seu estado nutricional o correto desenvolvimento do feto. Vários estudos já mostraram que uma dieta insuficiente pode causar sérios prejuízos para o bebê, como os partos prematuros e até mesmo a mortalidade. (DIETA NA GRAVIDEZ, 2009).
Uma dieta equilibrada garante à futura mãe energia, proteínas, vitaminas e minerais em quantidades suficientes, produzindo a saúde do binômio mãe-filho. (DIETA NA GRAVIDEZ, 2009).





Metodologia:

O presente artigo foi elaborado através revisões bibliográficas abrangendo livros publicados por autores nutricionistas e médicos, dados encontrados na internet em sites contendo referências e em revistas de saúde pública.
As pesquisas foram realizadas no período de 09/04/2009 à 16/04/2009, buscando o tema “alimentação e nutrição durante o período gestacional”.

Discussão:

Compreendendo o que é o período gestacional:

A gravidez é um estado anabólico, dinâmico, em que uma série de adaptações do metabolismo materno se processa para apoiar o crescimento e o desenvolvimento do feto, mantendo ao mesmo tempo a homeostase materna e a preparação para a lactação. (FEFERBAUM E FALCÃO, 2002).
Várias são as adaptações fisiológicas durante o período gestacional para assegurar o desenvolvimento sadio do feto, como o aumento de 50% do volume plasmático e 20% do conteúdo de hemoglobina, elevação de estrógeno e progesterona, alterações nos níveis de lipídios, colesterol, caroteno, vitamina E e fatores de coagulação, elevação do débito cardíaco, aumento das taxas do metabolismo basal, ajuste no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas, hiperventilação, aumento da filtração glomerular e não menos importante são as alterações nas funções gustativas e olfatórias. (VITOLO, 2003).
A formação da placenta (órgão de alta complexidade com uma estrutura esponjosa) garante a transferência para o ser em desenvolvimento de nutrientes, eletrólitos, gases, hormônios, etc. Porém todas as suas funções dependerão da concentração do plasma materno. (VITOLO, 2003). Dessa forma percebe-se que um suprimento adequado de nutrientes pela circulação materna é indispensável para o crescimento do feto e da própria placenta. (FEFERBAUM E FALCÃO, 2002).
No crescimento intra-uterino normal, a embriogênese estende-se até a oitava semana depois da fecundação. Após esse período ocorre o crescimento fetal, em que o desenvolvimento do novo ser é muito importante: 3,5cm e 2,0g no início do período até 50cm e 3.000g ao termo. Esse estagiamento durante o crescimento fetal depende de efeitos e influências diferentes da condição de saúde materna, incluindo a nutrição sobre o feto. (FEFERBAUM E FALCÃO, 2002).





Aprofundando a importância da nutrição durante a gestação:




Segundo Monteiro e Camelo Júnior (2007), uma boa alimentação durante a gestação objetiva as condições adequadas para manutenção da saúde materna e desenvolvimento adequado do feto proporcionando também, reservas para lactação. É um período que requer o aumento das necessidades nutricionais e um cuidado especial.
Os carboidratos servem como combustível do corpo e previnem que a proteína seja utilizada como fonte de energia. Encontrado nos açúcares, deve se evitar o excesso de doces, pois estes favorecem o ganho de peso excessivo. Dar preferência para frutas como sobremesa é uma opção. Outra fonte é o amido encontrado nos grãos, principalmente o arroz, nas farinhas (pão, bolachas, torradas, macarrão, polenta) e raízes (batata, cará, mandioca, inhame, abóbora). O ideal é consumir o amido na forma integral, como arroz e pães integrais. A ingestão de fibras é importante para prevenir a constipação, alteração fisiológica comum na gestação. As proteínas fazem parte da formação de tecidos no corpo da mãe (útero, mamas, placenta, líquido amniótico) e do crescimento e desenvolvimento do feto. Os alimentos fonte são o leite e seus derivados, carnes (bovina, frango, peixe, suína e miúdos), ovos e leguminosas (feijão, lentilha, soja, ervilha, grão de bico). É importante que se controle o consumo do sal, consequentemente embutidos (presunto, salame, mortadela, salsicha) e produtos em conserva, porque estes alimentos contêm muito sal colaborando para inchaço das pernas e pés. Os lipídios fornecem bastante energia, vitaminas A, D, E e K e ácidos graxos essenciais para a formação de tecidos e hormônios. O consumo de peixes de água fria (salmão, atum, sardinha), vegetais verde escuro e oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas) fontes de Omega 3 e 6 são fundamentais para o desenvolvimento e funcionamento do sistema nervoso do feto. Optar por carnes magras, de preferência ensopadas ou chapeadas, batata assada ou cozida, observar a existência de gordura trans nos produtos e evitar sua ingestão são algumas dicas. (BRASIL, 2005; OLIVEIRA, 1998 e SÁ, 1990).
O papel de vitaminas e minerais é prevenir o aborto, baixo peso ao nascer, desenvolvimento ou agravamento de anemia, ou seja, manutenção da saúde e desenvolvimento saudável do feto e da mãe. Abaixo estão algumas fontes e importâncias dos micronutrientes (BRASIL, 2005; FRANCO, 2003; MONTEIRO E CAMELO JÚNIOR, 2007; OLIVEIRA, 1998; SÁ, 1990):
· O zinco tem papel importante como antioxidante, prevenindo a prematuridade e baixo peso ao nascer do feto, está ligado à síntese de DNA e RNA. Encontrado nas carnes, principalmente frutos do mar e oleaginosas;
· A vitamina A auxilia o desenvolvimento celular e crescimento ósseo do feto. Interfere no desenvolvimento do tecido ocular e no sistema imunológico da gestante. Suas fontes são leite e derivados, gema de ovo, fígado, frutas como laranja e mamão, couve e vegetais amarelos;
· O ácido fólico é fundamental para multiplicação celular, desenvolvimento uterino e da placenta, aumento do número de eritrócitos maternos e crescimento fetal. Fígado, feijões, brócolis, vegetais verdes, frutas cítricas e alimentos enriquecidos como as farinhas de trigo e milho são ótimas fontes;
· As Vitaminas D e E mantêm a integridade das células que transportam oxigênio. A vitamina D, aliada ao sol, promove a absorção de cálcio e fósforo e sua fixação nos ossos e dentes. A carência severa pode levar ao raquitismo na gestante e alteração óssea no bebê. Laticínios, fígado, gema de ovo, aveia, feijão, óleos, oleaginosas e verduras são fontes;
· O cálcio encontrado na gema de ovo, leite e derivados é essencial para a formação do esqueleto do feto, saúde da gestante, produção de leite e processo de coagulação. De acordo com o dia alimentar, há necessidade de consumir maior quantidade deste mineral, vale ressaltar a importância da exposição à luz solar em conjunto com a vitamina D (óleos de peixes e gema de ovos) para melhor absorção deste mineral;
· A vitamina C encontrada principalmente em frutas cítricas, banana, manga, caju, rabanete, tomate, pimentão e verduras é fundamental para a formação do colágeno, aumenta a absorção do ferro, fortalece o sistema imunológico, previne o parto prematuro e a eclampsia;
· Niacina e Tiamina favorecem o metabolismo energético materno e fetal, transformando glicose em energia. Boas fontes são as verduras, legumes, carnes magras, leite e derivados, cereais integrais, frutas e ovos;
· A ingestão de ferro visa prevenir o agravamento ou desenvolvimento da anemia. Vale ressaltar que este mineral atua como transportador de oxigênio e formador das células sanguíneas do feto. Atenção para o consumo de carnes em geral, folhosos na cor verde-escura (agrião, couve, cheiro-verde, folhas de beterraba), leguminosas (feijões, fava, grão-de-bico, ervilha, lentilha), nozes, castanhas e grãos integrais, melado e produtos enriquecidos. A ingestão simultânea de Ferro e vitamina C aumenta a absorção deste mineral. Mesmo procurando estabelecer uma dieta balanceada com alimentos ricos neste mineral, é indicada a suplementação via oral pelo fato da anemia estar presente. Por fim, é fundamental que se faça o fracionamento das refeições garantindo uma melhor digestão e aproveitamento dos alimentos. Refeições feitas a cada 3 horas permitem a saciedade e reduzem os sintomas de azia e mal estar. Deve se comer devagar e mastigar bem os alimentos. Ingestão de água e sucos em substituição aos refrigerantes. Praticar alguma atividade física como caminhadas e hidroginástica pelo menos 30 minutos faz bem a saúde da mãe e consequentemente do bebê. (BRASIL, 2005; OLIVEIRA, 1998 e SÁ, 1990).



Conclusão:

A gestação é um período na vida da mulher no qual todos os esforços devem ser empreendidos para garantir seu bem-estar físico e mental. Vários são os processos que ocorrem no corpo da grávida para garantir o surgimento de uma nova vida.
Durante esse ciclo o desenvolvimento do feto dependerá não só de fatores biológicos como também de ambientais. A nutrição atua, através de uma dieta balanceada, no desenvolvimento correto do novo ser em formação, na saúde da futura mãe e na preparação para a lactação.
Através de vários estudos, muitos deles de caráter epidemiológico, foram sendo definidas orientações nutricionais durante a gravidez. Recomenda-se que as mães não ingiram menos de 2.000 cal/dia, consumam frutas para a garantia de vitaminas e minerais, que sua alimentação seja suplementada com ferro e ácido fólico, ingiram ainda produtos lácteos, fontes de proteínas e carboidratos.
Para que a gestante tenha um pré-natal correto é preciso esclarecer os prejuízos que uma alimentação desequilibrada pode causar, além dos benefícios trazidos tanto para a mãe quanto para o bebê por uma nutrição completa.
Outros profissionais da área da saúde também devem ser esclarecidos sobre a importante relação entre nutrição e gestação, e dessa forma estar possibilitando que o nutricionista atue junto como uma equipe multidisciplinar.



Bibliografia:


Diagnóstico de gestação.
Disponível em: http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?207. Acesso em: 13 de Abril de 2009.

Dieta na gravidez.
Disponível : http://www.clubedobebe.com.br/manual%20da%20gestacao/dietanagravidez.htm . Acesso em: 14 de Abril de 2009.


FEFERBAUM, Rubens; FALCÃO, Mário. Nutrição do recém nascido. São Paulo: Atheneu, 2002.


VITOLO, Márcia Regina. Nutrição: da gestação à adolescência. 1. ed. Rio de Janeiro:Reichmann E Affonso Editores, 2003.


BRASIL. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Ed. especial. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2005.


OLIVEIRA, José Eduardo Dutra de; MARCHINI, Júlio Sérgio. Ciências nutricionais. São Paulo: Sarvier, 1998.

SÁ, Neide Gaudenci de. Nutrição e dietética. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Nobel, 1990.

FRANCO, Guilherme. Tabela de composição química dos alimentos. 9. ed. Rio de Janeiro: Livr. Atheneu, 2003.


MONTEIRO, Jacqueline Pontes; CAMELO JUNIOR, José Simon (Coord.) Caminhos da nutrição e terapia nutricional: da concepção à adolescência. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.


OLIVEIRA, José Eduardo Dutra de; MARCHINI, Júlio Sérgio. Ciências nutricionais. São Paulo: Sarvier, 1998.

PINHEIRO, Ana Beatriz V. Et al. Tabela para avaliação de consumo alimentar em medidas caseiras. 5. ed. São Paulo: Atheneu, 2005.