Resumo:
Abstract:
Objetivo:
Constituído de 40 semanas, o período gestacional é heterogêneo em seus aspectos fisiológicos, metabólicos e nutricionais. (VITOLO, 2003).
Entende-se por gravidez o período em que há o desenvolvimento e crescimento de um embrião dentro do útero feminino. Durante a gestação o organismo da mulher se prepara para gerar um novo ser, por isso ocorrem mudanças na anatomia e fisiologia corpórea. As alterações anatômicas e fisiológicas mais expressivas são: aumento das mamas, expansão do abdome, sobrepeso na coluna vertebral, compressão do estômago, aumento do fluxo sanguíneo, hiperventilação, entre outras. (DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO, 2009).
É principalmente nesse período que a mãe deve se alimentar de forma adequada, pois depende do seu estado nutricional o correto desenvolvimento do feto. Vários estudos já mostraram que uma dieta insuficiente pode causar sérios prejuízos para o bebê, como os partos prematuros e até mesmo a mortalidade. (DIETA NA GRAVIDEZ, 2009).
Uma dieta equilibrada garante à futura mãe energia, proteínas, vitaminas e minerais em quantidades suficientes, produzindo a saúde do binômio mãe-filho. (DIETA NA GRAVIDEZ, 2009).
O presente artigo foi elaborado através revisões bibliográficas abrangendo livros publicados por autores nutricionistas e médicos, dados encontrados na internet em sites contendo referências e em revistas de saúde pública.
As pesquisas foram realizadas no período de 09/04/2009 à 16/04/2009, buscando o tema “alimentação e nutrição durante o período gestacional”.
A gravidez é um estado anabólico, dinâmico, em que uma série de adaptações do metabolismo materno se processa para apoiar o crescimento e o desenvolvimento do feto, mantendo ao mesmo tempo a homeostase materna e a preparação para a lactação. (FEFERBAUM E FALCÃO, 2002).
Várias são as adaptações fisiológicas durante o período gestacional para assegurar o desenvolvimento sadio do feto, como o aumento de 50% do volume plasmático e 20% do conteúdo de hemoglobina, elevação de estrógeno e progesterona, alterações nos níveis de lipídios, colesterol, caroteno, vitamina E e fatores de coagulação, elevação do débito cardíaco, aumento das taxas do metabolismo basal, ajuste no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas, hiperventilação, aumento da filtração glomerular e não menos importante são as alterações nas funções gustativas e olfatórias. (VITOLO, 2003).
A formação da placenta (órgão de alta complexidade com uma estrutura esponjosa) garante a transferência para o ser em desenvolvimento de nutrientes, eletrólitos, gases, hormônios, etc. Porém todas as suas funções dependerão da concentração do plasma materno. (VITOLO, 2003). Dessa forma percebe-se que um suprimento adequado de nutrientes pela circulação materna é indispensável para o crescimento do feto e da própria placenta. (FEFERBAUM E FALCÃO, 2002).
No crescimento intra-uterino normal, a embriogênese estende-se até a oitava semana depois da fecundação. Após esse período ocorre o crescimento fetal, em que o desenvolvimento do novo ser é muito importante: 3,5cm e 2,0g no início do período até 50cm e 3.000g ao termo. Esse estagiamento durante o crescimento fetal depende de efeitos e influências diferentes da condição de saúde materna, incluindo a nutrição sobre o feto. (FEFERBAUM E FALCÃO, 2002).
Os carboidratos servem como combustível do corpo e previnem que a proteína seja utilizada como fonte de energia. Encontrado nos açúcares, deve se evitar o excesso de doces, pois estes favorecem o ganho de peso excessivo. Dar preferência para frutas como sobremesa é uma opção. Outra fonte é o amido encontrado nos grãos, principalmente o arroz, nas farinhas (pão, bolachas, torradas, macarrão, polenta) e raízes (batata, cará, mandioca, inhame, abóbora). O ideal é consumir o amido na forma integral, como arroz e pães integrais. A ingestão de fibras é importante para prevenir a constipação, alteração fisiológica comum na gestação. As proteínas fazem parte da formação de tecidos no corpo da mãe (útero, mamas, placenta, líquido amniótico) e do crescimento e desenvolvimento do feto. Os alimentos fonte são o leite e seus derivados, carnes (bovina, frango, peixe, suína e miúdos), ovos e leguminosas (feijão, lentilha, soja, ervilha, grão de bico). É importante que se controle o consumo do sal, consequentemente embutidos (presunto, salame, mortadela, salsicha) e produtos em conserva, porque estes alimentos contêm muito sal colaborando para inchaço das pernas e pés. Os lipídios fornecem bastante energia, vitaminas A, D, E e K e ácidos graxos essenciais para a formação de tecidos e hormônios. O consumo de peixes de água fria (salmão, atum, sardinha), vegetais verde escuro e oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas) fontes de Omega 3 e 6 são fundamentais para o desenvolvimento e funcionamento do sistema nervoso do feto. Optar por carnes magras, de preferência ensopadas ou chapeadas, batata assada ou cozida, observar a existência de gordura trans nos produtos e evitar sua ingestão são algumas dicas. (BRASIL, 2005; OLIVEIRA, 1998 e SÁ, 1990).
O papel de vitaminas e minerais é prevenir o aborto, baixo peso ao nascer, desenvolvimento ou agravamento de anemia, ou seja, manutenção da saúde e desenvolvimento saudável do feto e da mãe. Abaixo estão algumas fontes e importâncias dos micronutrientes (BRASIL, 2005; FRANCO, 2003; MONTEIRO E CAMELO JÚNIOR, 2007; OLIVEIRA, 1998; SÁ, 1990):
· O zinco tem papel importante como antioxidante, prevenindo a prematuridade e baixo peso ao nascer do feto, está ligado à síntese de DNA e RNA. Encontrado nas carnes, principalmente frutos do mar e oleaginosas;
· A vitamina A auxilia o desenvolvimento celular e crescimento ósseo do feto. Interfere no desenvolvimento do tecido ocular e no sistema imunológico da gestante. Suas fontes são leite e derivados, gema de ovo, fígado, frutas como laranja e mamão, couve e vegetais amarelos;
· O ácido fólico é fundamental para multiplicação celular, desenvolvimento uterino e da placenta, aumento do número de eritrócitos maternos e crescimento fetal. Fígado, feijões, brócolis, vegetais verdes, frutas cítricas e alimentos enriquecidos como as farinhas de trigo e milho são ótimas fontes;
· As Vitaminas D e E mantêm a integridade das células que transportam oxigênio. A vitamina D, aliada ao sol, promove a absorção de cálcio e fósforo e sua fixação nos ossos e dentes. A carência severa pode levar ao raquitismo na gestante e alteração óssea no bebê. Laticínios, fígado, gema de ovo, aveia, feijão, óleos, oleaginosas e verduras são fontes;
· O cálcio encontrado na gema de ovo, leite e derivados é essencial para a formação do esqueleto do feto, saúde da gestante, produção de leite e processo de coagulação. De acordo com o dia alimentar, há necessidade de consumir maior quantidade deste mineral, vale ressaltar a importância da exposição à luz solar em conjunto com a vitamina D (óleos de peixes e gema de ovos) para melhor absorção deste mineral;
· A vitamina C encontrada principalmente em frutas cítricas, banana, manga, caju, rabanete, tomate, pimentão e verduras é fundamental para a formação do colágeno, aumenta a absorção do ferro, fortalece o sistema imunológico, previne o parto prematuro e a eclampsia;
· Niacina e Tiamina favorecem o metabolismo energético materno e fetal, transformando glicose em energia. Boas fontes são as verduras, legumes, carnes magras, leite e derivados, cereais integrais, frutas e ovos;
· A ingestão de ferro visa prevenir o agravamento ou desenvolvimento da anemia. Vale ressaltar que este mineral atua como transportador de oxigênio e formador das células sanguíneas do feto. Atenção para o consumo de carnes em geral, folhosos na cor verde-escura (agrião, couve, cheiro-verde, folhas de beterraba), leguminosas (feijões, fava, grão-de-bico, ervilha, lentilha), nozes, castanhas e grãos integrais, melado e produtos enriquecidos. A ingestão simultânea de Ferro e vitamina C aumenta a absorção deste mineral. Mesmo procurando estabelecer uma dieta balanceada com alimentos ricos neste mineral, é indicada a suplementação via oral pelo fato da anemia estar presente. Por fim, é fundamental que se faça o fracionamento das refeições garantindo uma melhor digestão e aproveitamento dos alimentos. Refeições feitas a cada 3 horas permitem a saciedade e reduzem os sintomas de azia e mal estar. Deve se comer devagar e mastigar bem os alimentos. Ingestão de água e sucos em substituição aos refrigerantes. Praticar alguma atividade física como caminhadas e hidroginástica pelo menos 30 minutos faz bem a saúde da mãe e consequentemente do bebê. (BRASIL, 2005; OLIVEIRA, 1998 e SÁ, 1990).
Durante esse ciclo o desenvolvimento do feto dependerá não só de fatores biológicos como também de ambientais. A nutrição atua, através de uma dieta balanceada, no desenvolvimento correto do novo ser em formação, na saúde da futura mãe e na preparação para a lactação.
Através de vários estudos, muitos deles de caráter epidemiológico, foram sendo definidas orientações nutricionais durante a gravidez. Recomenda-se que as mães não ingiram menos de 2.000 cal/dia, consumam frutas para a garantia de vitaminas e minerais, que sua alimentação seja suplementada com ferro e ácido fólico, ingiram ainda produtos lácteos, fontes de proteínas e carboidratos.
Para que a gestante tenha um pré-natal correto é preciso esclarecer os prejuízos que uma alimentação desequilibrada pode causar, além dos benefícios trazidos tanto para a mãe quanto para o bebê por uma nutrição completa.
Outros profissionais da área da saúde também devem ser esclarecidos sobre a importante relação entre nutrição e gestação, e dessa forma estar possibilitando que o nutricionista atue junto como uma equipe multidisciplinar.
Bibliografia:
Diagnóstico de gestação.
Disponível em: http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?207
Dieta na gravidez.
Disponível : http://www.clubedobebe.com.br/manual%20da%20gestacao/dietanagravidez.htm
VITOLO, Márcia Regina. Nutrição: da gestação à adolescência. 1. ed. Rio de Janeiro:Reichmann E Affonso Editores, 2003.
BRASIL. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Ed. especial. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2005.
OLIVEIRA, José Eduardo Dutra de; MARCHINI, Júlio Sérgio. Ciências nutricionais. São Paulo: Sarvier, 1998.
SÁ, Neide Gaudenci de. Nutrição e dietética. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Nobel, 1990.
FRANCO, Guilherme. Tabela de composição química dos alimentos. 9. ed. Rio de Janeiro: Livr. Atheneu, 2003.
MONTEIRO, Jacqueline Pontes; CAMELO JUNIOR, José Simon (Coord.) Caminhos da nutrição e terapia nutricional: da concepção à adolescência. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
OLIVEIRA, José Eduardo Dutra de; MARCHINI, Júlio Sérgio. Ciências nutricionais. São Paulo: Sarvier, 1998.
PINHEIRO, Ana Beatriz V. Et al. Tabela para avaliação de consumo alimentar em medidas caseiras. 5. ed. São Paulo: Atheneu, 2005.